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248 itens encontrados para ""

  • Por que aqui não?

    Depois de sair de uma reunião com lideranças indígenas Tuxá em Paulo Afonso, pegamos a estrada em direção a Uauá. Era 2010 e o deputado federal, Edson Duarte, concorria ao Senado pelo Partido Verde da Bahia. Fim de tarde, paramos em Petrolândia, Pernambuco, para abastecer o carro. Enquanto o tanque enchia, o frentista, surpreso, perguntou: “Vocês vão pegar essa estrada aí, a essa hora? Tem certeza? Aí é o polígono da maconha, nem a polícia federal entra aí à noite. Se eu fosse vocês, dormiria por aqui e saía pela manhã”. Seguimos a sugestão. O polígono da maconha é uma região composta por cidades do Sertão da Bahia e de Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, onde 30% da planta que abastece os centros brasileiros é produzida. A região, que sofre com a falta de investimentos em educação, saúde e agricultura, possui uma superintendência da Polícia Federal, presídio e gasta milhões todos os anos para combater o plantio de maconha, que segue sendo cultivada, expandindo as roças para o Maranhão e o nordeste do Pará, região conhecida já como o Quadrado da Maconha. Quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discutiu autorizar o plantio para fins de pesquisa e medicinais, o governo se opôs e a agência liberou apenas a importação de insumos para fabricação do medicamento em território nacional. Enquanto aqui, plantar a Cannabis ainda é crime, enquadrado como tráfico de drogas, e tem pena de até 20 anos de cadeia, países ao redor do planeta já entenderam que, além de gerar impostos, empregos e negócios, a regulamentação do plantio, consumo e produção de derivados, de têxteis à fármacos, ajuda a reduzir a criminalidade e seus efeitos colaterais. Em 2020, a indústria canábica nos EUA atingiu a marca de 21 bilhões de dólares. Um crescimento de 48% na comparação com 2019. Só em 2021, empresas desse mercado valorizaram suas ações em 50%, 144% e até 251%. Lá, pesquisa realizada pelo Leafly Jobs Report em parceria com a Whitney Economics, mostrou que 321 mil trabalhadores estão empregados na cadeia produtiva da maconha, número que já supera a quantidade de dentistas, paramédicos ou engenheiros elétricos no país. Em Nova York a legislação recém aprovada determina que, dos impostos estaduais, 40% serão reinvestidos em comunidades com presença de minorias afetadas pela política de guerra às drogas. Outros 40% serão usados na educação e 20% num fundo que financia tratamento de dependência de drogas e educação pública. A cannabis medicinal tem sido usada com sucesso no tratamento de doenças crônicas graves, como epilepsia, Alzheimer, Parkinson, ansiedade e depressão. Segundo dados da Anvisa, até 13 milhões de brasileiros com diferentes enfermidades podem se beneficiar da maconha medicinal. O relatório ‘Cannabis para Fins Medicinais’, da empresa Kaya Mind, mostra que o mercado da maconha medicinal no Brasil movimentou, de janeiro a junho de 2021, R$ 21,8 milhões. Entre 2015 e 2020, as solicitações para importação e renovação de medicamentos à base da planta cresceram 1.780% no país. Projeções reveladas no relatório da Prohibition Partners, mostram que a venda de Cannabis medicinal pode movimentar mais de R$ 2 bilhões até 2025 no Brasil. Enquanto Bolsonaro fala que vai vetar o PL 399 que, nas palavras dele, “libera a maconha”, o banco fundado pelo seu ministro Paulo Guedes lançou uma nova opção de investimento: um fundo ligado à indústria da cannabis no exterior, principalmente nos EUA. Nosso dinheiro pode gerar emprego, renda, impostos e bem estar para milhões de pessoas que usam a medicação lá nos EUA. E por que aqui não podemos regulamentar o plantio de cannabis para fins medicinais, científicos e industriais, gerar bem estar, negócios, emprego e renda? André Fraga é Engenheiro Ambiental, Vereador de Salvador e Presidente da Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação na Câmara Municipal Artigo publicado originalmente no Jornal Correio no dia 13/01/2022 #cannabis #maconha #medicinal #saúde

  • COVID-19, inovação e (des)igualdade

    11 de março de 2020. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara, oficialmente, que enfrentamos uma pandemia. O vírus que se alastrou pelo planeta teve seu primeiro caso reportado pela China no dia 11 de janeiro. Apenas três meses antes. Então o mundo entrou em uma espiral de acontecimentos do qual não havia mais memória coletiva. Era tudo novo. Mortes e infecções cresciam exponencialmente, e não sobrou um canto do planeta onde o novo coronavírus não tenha chegado. No mesmo ano, 10 meses depois, a britânica Margaret Keenan, uma simpática joalheira aposentada de 90 anos, recebeu a primeira vacina contra o vírus no braço. A inovação e a velocidade com que a primeira vacina foi desenvolvida, e a sequência de novos imunizantes fazem com que a pandemia de Covid-19 também entre para a história. O recorde anterior era a vacina da caxumba: 4 anos. Outras vacinas levaram décadas para serem desenvolvidas. Diversos fatores propiciaram que essa revolução acontecesse. A nossa rede de comunicação permite uma colaboração sem precedentes na história. O sequenciamento do genoma do vírus foi recorde. Concluído em janeiro de 2020, as pesquisas já estavam em curso antes mesmo da OMS declarar oficialmente a pandemia. Além disso, estudos em desenvolvimento para outras doenças, como a Zika e a Sars, foram adaptados para Covid-19, como foi o caso da tecnologia que gerou a primeira vacina, o RNA mensageiro. Foi essa colaboração que permitiu ao soteropolitano Wanderson Nascimento Souza receber a primeira vacina brasileira em teste contra a Covid-19. A vacina foi aplicada na sede do Senai Cimatec, um centro internacionalmente respeitado, localizado na capital de um estado nordestino de um país em desenvolvimento. Ciência! Outras oito vacinas estão em fase de pesquisa no Brasil. Vivemos a quarta revolução industrial caracterizada pela convergência de tecnologias. É quando a realidade começa a se parecer com aqueles filmes de ficção científica. Mas o potencial de produzir benefícios ao planeta não pode se perder pela concentração de poder e dinheiro cada vez menos acessíveis às pessoas e organizações. O surgimento constante de novas variantes tem entre suas origens a distribuição desigual de vacinas. Enquanto alguns países vacinam turistas, outros sequer imunizam seus idosos. Se continuar no ritmo atual, a Guiné-Bissau levará 43 anos para vacinar 70% de sua população. No Haiti, a imunização chegou apenas a 0,6% da população. Variantes como delta e ômicron não causaram mais danos porque nossas vacinas chegaram para muita gente. Mas é preciso que cheguem para todos. Sem democratizar, a inovação servirá a poucos, e pandemias como a que vivemos poderão ser a regra. *André Fraga é Engenheiro Ambiental, Vereador no Município Salvador e Presidente da Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação na Câmara Municipal de Salvador. ** Artigo publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 20 de janeiro de 2022. #covid #desigualdade #inovação

  • Mudança do Clima: engenharias, agronomia e geociências

    Até alguns dias atrás o mundo estava reunido na 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima, a COP26. Nunca antes, uma conferência de clima (e essa foi a 26ª), teve tanta cobertura da mídia e tanto espaço nos debates. Em um planeta assolado por uma pandemia que não dá sinais de que se encerrará tão cedo, com novas variantes surgindo sem parar, as atenções e energia de chefes de Estado, cientistas, ativistas e lideranças internacionais estavam naquele momento dedicados a buscar consensos para frear o avanço da emergência climática. E não foi fácil. Consenso entre mais de 100 representações, com economias e perspectivas distintas é um desafio e tanto. E, no final, as perguntas de sempre são: quem vai pagar a conta? Como os países mais ricos compensarão os países mais pobres? Como fazer com que a mudança do clima não seja mais uma forma de aprofundar as desigualdades? Que mecanismos econômicos ajudarão esses objetivos? A mudança do clima já é um fato. Não se trata mais de pensar em como será no futuro, pois já acontece. Incêndios florestais cada vez mais agressivos, potencializados por períodos de estiagem mais longos, já passam a mensagem do pantanal, no Brasil, a Califórnia, nos Estados Unidos. Cidades ao redor do planeta que antes recebiam pouca intensidade de chuvas, agora são atingidas por temporais com força. No último ano, causou estragos físicos e perda de vidas em cidades como Nova York que enfrentou o ano mais chuvoso da sua história. Em Vancouver choveu tanto que a cidade ficou isolada por inundações. Na Alemanha e Bélgica, em 2021, quase 200 pessoas morreram. Chuvas acima da média na província de Shanxi, no norte da China, fizeram com que 120.000 pessoas fossem evacuadas de suas casas. Enquanto a chuva inunda cidades, no Brasil vivemos uma crise hídrica sem precedentes em mais de 90 anos, reduzindo drasticamente a geração de energia, forçando a operação de termelétricas poluentes e caras, e pressionando a inflação, que corrói a renda dos mais pobres. O colapso da biodiversidade é mais um efeito colateral da emergência climática, mas esse pode ser fatal e causar o que cientistas têm chamado de “a sexta extinção em massa do planeta Terra”. Em uma análise a partir de 73 estudos de longo prazo sobre o declínio de insetos ao redor do mundo, pesquisadores australianos e chineses perceberam que os insetos estão caminhando para a extinção, o que nos levaria a um “colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza”. A conclusão é de que mais de 40% das espécies de insetos estão sofrendo quedas populacionais em um ritmo constante e a uma velocidade oito vezes maior, em média, do que a dos mamíferos, aves e répteis. Estudo publicado na Science analisando dados, desde 1989, de pesquisas de campo na Alemanha, constatou que a biomassa de insetos que fica presa em equipamentos de captura diminuiu 80%. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), abelhas ou outros insetos são necessários na polinização de cerca de 84% das plantas que comemos. Diversas são as causas apontadas desse declínio: a urbanização, a agricultura intensiva, o uso de pesticidas e as mudanças climáticas que alteram, por exemplo, os períodos de sincronia entre a floração das plantas e a chegada ou a eclosão dos insetos. Sem eles, o colapso da cadeia alimentar, causado por uma cascata trófica de baixo para cima, atingirá desde predadores até as plantas, aniquilando ecossistemas inteiros, com prejuízos econômicos incalculáveis. Os desafios são inúmeros e eles poderão ser vencidos se soubermos explorar a exponencial capacidade que a inovação possui de gerar soluções. E aqui, as engenharias, a agronomia e as geociências têm papel de destaque. Pensar sistemas alimentares de alta produtividade que não prejudiquem o solo ou a biodiversidade, projetar equipamentos que integrem algoritmos e IOT, promover mais conhecimento dos sistemas que mantêm a vida no planeta, escalar novas formas de energia renováveis, são apenas alguns dos caminhos possíveis. Nos últimos séculos a engenhosidade humana nos permitiu avançar em diversas frentes, e isso é inegável. Essa engenhosidade agora é fundamental para nos salvar. Artigo publicado originalmente na revista do CREA-BA em 2021 #clima #crea #engenharia #mudanças

  • Um oceano de oportunidades

    O maior habitat do planeta está cada vez mais sendo afetado pela mudança global do clima. Os oceanos desempenham um papel fundamental no equilíbrio planetário, seja por produzir 70% do nosso oxigênio, seja por absorver e estocar boa parte do carbono ou por sustentar importantes setores econômicos, Cientistas defendem a necessidade de protegermos ao menos 30% da superfície marinha, mas alertam para a inexistência de um acordo internacional visando a criação de santuários em águas internacionais garantindo emprego e renda a milhões de pessoas. Eles regulam a temperatura global e, por isso, devemos ficar preocupados,  pois o seu desequilíbrio é, ao mesmo tempo, causa e efeito da emergência climática planetária. As águas superficiais estão mais quentes, o nível do mar está aumentando em função do derretimento do gelo nos pólos (em fevereiro de 2020, a Antártica registrou 20.7ºC de temperatura, a maior desde que iniciaram as medições). A temperatura de correntes marinhas alterada produz efeitos no transporte de nutrientes e na produção de oxigênio, mudanças nos ciclos oceânicos que potencializam fenômenos como o El Niño, La Niña e eventos climáticos extremos como furacões e tufões, além da acidificação das águas que afeta significativamente os recifes de corais (90% das espécies podem desaparecer). Zonas costeiras abrigam 28% da população mundial, cerca de 2 bilhões de pessoas que têm suas vidas influenciadas direta ou indiretamente pelos ecossistemas marinhos. De acordo com o Relatório Especial sobre o Oceano e a Criosfera em um Clima sob Mudança, produzido pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, 170 milhões de toneladas de frutos do mar são extraídos todos os anos para consumo humano, um outro problema que afeta diretamente a biodiversidade marinha. O relatório indica que o nível médio global do mar pode aumentar em 1,1 metro até 2100, no pior cenário de aquecimento, o que trará consequências incalculáveis para as vidas de 700 milhões de pessoas. Estoques pesqueiros, já muito ameaçados pela pesca comercial em larga escala, também sofrem impacto direto, por conta da migração de cardumes para regiões mais frias, desequilibrando a cadeia alimentar e reduzindo populações locais de espécies com potencial econômico e, até mesmo, levando à extinção. O desequilíbrio do oceano afeta até mesmo a agricultura, por alterar o regime de chuvas nos continentes. O Relatório da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, de 2019, apontou que apenas 1% dos orçamentos nacionais para pesquisas é direcionado para os oceanos e estima que somente 19% do seu fundo já foi mapeado e catalogado. A ONU declarou que de 2021 a 2030 será a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável – mais conhecida como Década do Oceano, e pretende mobilizar cientistas, gestores, políticos e sociedades para protegerem o oceano que, apesar de cobrir 71% da superfície do planeta Terra, é pouco conhecido e conservado (apenas 3% de sua área é protegida). Uma ação fundamental é criar áreas protegidas e livres de atividades econômicas destrutivas, áreas que não pertencem a nenhum país. Por isso, um movimento global que já conta com apoio de diversos países têm se formado para a criação de um Tratado Global dos Oceanos, com o objetivo de criar ferramentas legais que permitam a proteção dessas áreas. Salvador criou recentemente o Parque Marinho da Barra, e está em curso a criação do Parque Marinho da Cidade Baixa, os primeiros santuários marinhos da cidade. Mais de 3 bilhões de pessoas dependem dos oceanos, que são responsáveis por 30 milhões de empregos diretos, gerando US$ 3 trilhões de doláres por ano, o que classificaria, em termos econômicos, como a 5ª economia do mundo. E é nessa perspectiva, da economia do mar, que a recuperação de habitats como manguezais, restingas e vegetação submersa devem ser encaradas como oportunidades de geração de mais emprego e renda. O ecoturismo é outro grande potencial ainda pouco explorado, seja com o mergulho, seja com avistamento de baleias e outros animais marinhos. As praias perdem bilhões por ano por poluição plástica e de esgotos. Os oceanos podem ainda gerar energia limpa por ondas e marés, contribuindo para a criação de mais oceantechs, para não perder o bonde da digitalização e da inovação da economia global. A Amazônia Azul é um oceano de oportunidades. Dá para virar a página da crise. É só querer e agir. Artigo originalmente publicano no site MAR BAHIA no dia 08/06/2021.08 #clima #mar #oceano

  • Um inferno para chamar de nosso

    Entre os anos 1307 e 1321, Dante Alighieri escreveu uma obra-prima da literatura mundial. A Divina Comédia trouxe o próprio Dante como protagonista e acompanha sua história de conversão: de pecador em busca de Deus. Nessa trajetória, ele passa pelo inferno e purgatório até o paraíso, cada um detalhado em um livro. O inferno descrito no livro é formado por nove círculos, onde se concentram quem comete pecado na vida terrena e que são acometidos por diversas formas de sofrimento. Eles são atormentados por furacões e ventanias, atolados em lama suja, ficam debaixo de chuva de granizo, água e neve, são condenados a permanecer em um deserto de areia quente, onde caem chamas de fogo do céu… As referências climáticas na trilogia de Dante parecem mais com uma profecia. Em 700 anos, a humanidade vem conseguindo transformar o planeta Terra em um lugar que se aproxima do inferno descrito pelo escritor italiano. A Europa vive uma onda de calor sem precedentes. Já foram mais de mil mortos nos incêndios florestais em Portugal e Espanha. Na Itália, as temperaturas chegaram em 44°C . Na Espanha, 43°C. E Portugal atingiu até 47°C . Nos Alpes, o derretimento recorde da geleira Theodul colocou em discussão os limites fronteiriços entre Itália e Suíça. No Reino Unido, o primeiro dia da história com 40°C causou quase mil mortes em quatro dias. O calor tem sido tão intenso que pistas de aeroportos derreteram, forçando o fechamento e cancelamento de voos; trilhos de trem precisaram ser pintados de branco na tentativa de que ficassem menos quentes, o que vinha causando deformação e risco para os vagões; e linhas de energia e de distribuição de água também foram impactadas. As pessoas foram orientadas a reduzir o uso de computadores para evitar superaquecimento das máquinas e, consequente, perda de dados. Em 2020, o Instituto Britânico de Meteorologia fez uma simulação de como seria o clima em 2050. A previsão chegou em 2022. Antes, os meteorologistas britânicos previam que a temperatura atingiria 40°C a cada 100 anos. Agora, a previsão reduziu para um intervalo de apenas três anos. Essa onda de calor é mais um alerta, entre tantos outros, de como promovemos uma mutação no clima terreno que tem nos levado ao limite do nosso conhecimento. Nossa geração vive no período mais quente dos últimos 125 mil anos, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Vivemos na era em que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera alcançou os níveis mais altos em 2 milhões de anos. No Brasil, a pior crise hídrica em 91 anos, que deixou um rastro de inflação e racionamento com impactos econômicos duradouros, foi seguida pelo mais extremo período de chuvas em décadas nas cidades da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo e Alagoas. No inferno de Dante, os hereges recebem como punição o sepultamento em túmulos abertos, de onde jorra fogo. No inferno da Terra, inocentes são queimados vivos em incêndios florestais ou em ondas de calor nos centros urbanos, como consequência de negacionistas da ciência. #brasil #crisedoclima #mudançasclimáticas

  • Entre a Vila e a Barra

    Mais um recorde quebrado. As chuvas que atingiram o litoral de São Paulo durante o Carnaval de 2023 despejaram o maior volume de água já registrado na história do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), foram 626 milímetros acumulados em menos de 24 horas no município de São Sebastião. No total, são 252 bilhões de litros de água, o que equivale a 4,4 milhões de litros de água por segundo desabando do céu. A chuva que caiu na Vila do Sahy encheria uma piscina olímpica em 85 segundos. Se toda essa água fosse canalizada para um rio, ele teria três vezes a vazão média das Cataratas do Iguaçu. O recorde anterior em volume de chuva foi no ano passado, quando 241 pessoas morreram depois que Petrópolis recebeu 530 milímetros em 24 horas. Até agora, em São Paulo, mais de 60 pessoas morreram, o mais trágico de todos os números. Ainda não há consenso se esses temporais em São Paulo foram resultados da mutação climática planetária, mas a meteorologia sabe que o aquecimento dos oceanos produz mais vapor d’água, que por sua vez é o principal fator da formação de nuvens e de chuvas, principalmente em regiões costeiras. E as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC, um grau acima da média. Parece pouco, mas já é o suficiente para desequilibrar tudo. O incansável meteorologista Carlos Nobre nos lembra que “se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”. Basta puxarmos na memória os últimos anos: Petrópolis, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, para ficar nas chuvas extremas apenas no Brasil. Neste momento, outro evento climático extremo afeta dezenas de cidades e milhões de pessoas no Brasil: a seca que castiga o Rio Grande do Sul e partes da Argentina e Uruguai se estende pelos últimos três anos. Mais uma vez a mutação climática, promovida por nós, manda seu recado: ao mesmo tempo que teremos chuvas mais intensas, temporais arrasadores, teremos também secas mais longas e severas, e tudo isso com maior frequência. Quem resistirá? Em São Paulo, quem mais sofreu os impactos foram os mais pobres. Vivendo de forma precarizada, eles foram empurrados, ao longo dos anos, para a base de encostas sabidamente vulneráveis. A chuva foi a mesma, mas enquanto na Barra do Sahy casas custam até 12 milhões de reais e as pessoas fugiam dos bloqueios na Rio-Santos de helicóptero, a Vila Do Sahy, núcleo pobre com casas simples e infraestrutura urbana precária, concentrou todas as mortes. Foram os pedreiros, caseiros, domésticas, zeladores, camareiras que perderam as vidas, as casas, os documentos, os pertences. As chuvas tiveram outra ajuda para fazer o estrago que fez: em 2021, um novo Plano Diretor foi aprovado durante a pandemia em São Sebastiao e ampliou os limites de construção, incluindo bairros com riscos de deslizamento e permitindo uma taxa de ocupação total em lotes no centro da cidade, potencializando riscos de alagamento por eliminar a permeabilidade do solo. A marola promovida pela pandemia de covid-19 é uma pequena mostra do que será o tsunami do desequilíbrio global promovido por tantos gases de efeito estufa despejados na atmosfera nos últimos 100 anos. Não há nenhum modelo que consiga prever tais impactos. Não há opção. É preciso lutar. É certo que os mais pobres, como sempre, serão os primeiros a sofrerem as consequências. Nada novo considerando a desigualdade em que estamos mergulhados. Mas as consequências chegarão a todos. Espremer o privilégio até o fim ou viver na negação apenas adiará a chegada delas. É preciso encarar a desigualdade e acelerar a mudança de rota. Investir em energia limpa, sistemas alimentares sustentáveis e biotecnologia. O Brasil possui todas as condições objetivas para liderar o mundo. O bonde está passando. É mais rápido e barato consertar o que fizemos de errado aqui. A possibilidade de colonizar um outro planeta ainda está longe. #artigo #clima #mudançasclimáticas

  • Planejamento estratégico do mandato com participação cidadã

    Após um processo seletivo inédito para formar a equipe de gabinete, o Vereador André Fraga (PV) convida a sociedade soteropolitana para participar da construção do planejamento estratégico do mandato para os próximos quatro anos. “A nossa ideia é trazer o cidadão para ajudar a desenvolver estratégias para as ideias que pensamos durante a campanha eleitoral e como colocá-las em prática, de maneira colaborativa e com diversidade de opiniões”, enfatiza André Fraga. Ao todo, as iniciativas serão divididas em 9 grupos de trabalho: Acessibilidade, Ciclismo, Cidades Sustentáveis, Educação, Empreendedorismo e Economia Criativa, Mudanças Climáticas, Saúde e Bem-Estar, Stella Maris e Tecnologia. “O processo de planejamento estratégico é crucial para qualquer organização, seja ela pública ou privada, e é dever do gestor público cuidar bem dos recursos que são da sociedade. Ficamos muito surpresas com a vontade do Vereador André Fraga de não só fazer um planejamento do seu mandato, mas também construir esse plano de trabalho com participação e escuta ativa com a sociedade civil”, comenta Ticiana Figueiredo, Consultora de Estratégia n’a.ponte, empresa local, de mulheres, com experiência em planejamento e modelagem de negócios que vai facilitar os encontros abertos ao público. As pessoas interessadas em discutir projetos para a cidade de acordo com essas temáticas podem se inscrever através do link http://bit.ly/planejamento-andrefraga para participar das reuniões online nos dias 18,19 e 25 de fevereiro, das 19h às 22h. (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #planejamentoestratégico #andréfraga #partidoverde #mandato #participação #salvador

  • Comissão de Emergência Climática e Inovação é aprovada na Câmara Municipal de Salvador

    Diante da crise global do clima, a Câmara Municipal de Salvador aprovou, nesta terça-feira (9), a criação da Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação. O colegiado será liderado pelo vereador André Fraga (PV). “Falar da crise global do clima é pensar que Salvador precisa, com urgência, estar preparada para reduzir impactos que vão atingir, principalmente, os mais vulneráveis”, enfatiza Fraga, que fez o seu primeiro pronunciamento, também nesta terça-feira, na Casa Legislativa. O grupo de trabalho na Câmara deverá acompanhar a implementação de planos importantes pela Prefeitura de Salvador, como o de Arborização Urbana e o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas, além da Lei Municipal de Inovação. “É nosso dever fiscalizar para que os planos saiam, de fato, do papel. E a inovação será um pilar fundamental para vencer os desafios causados pelas mudanças climáticas”, explicou André Fraga, que liderou a construção dos planos quando era secretário de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador. O Relatório Global de Riscos 2020, do Fórum Econômico Mundial, fez um grave alerta sobre os riscos climáticos. Pela primeira vez, nas perspectivas de 10 anos da pesquisa, os cinco principais riscos globais em termos de probabilidade são todos ambientais, entre eles, a grande perda de biodiversidade, colapso do ecossistema (terrestre ou marinho), com consequências irreversíveis para o meio ambiente, resultando em recursos severamente esgotados para a humanidade e para as indústrias. (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #andréfraga #partidoverde #câmaradevereadores #emergênciaclimática #mudançasclimáticas #crisedoclima #clima #salvador #climatechange

  • Comitiva de ciclistas se reúne com Comandante de Operações da Polícia Militar

    A insegurança de ciclistas em Salvador e os casos de roubos de bicicletas nos últimos meses, foram os assuntos da audiência que aconteceu nesta segunda-feira(15/02), com o Vereador André Fraga (PV), a Polícia Militar, empresários e representantes de grupos de bike, em Salvador. Foram solicitadas ao Comandante de Operações da PM, o Coronel Xavier Filho, rondas ostensivas nas principais rotas utilizadas por quem pedala na cidade. Também será entregue um mapeamento dos locais com maior registro de roubos e que causam uma sensação de insegurança. O Comandante Xavier falou sobre a possibilidade de criar um canal de comunicação entre ciclistas e as rondas da polícia para tentar coibir os roubos. “Sabemos que a questão da segurança pública envolve diversas variáveis, e estamos aqui para contribuir na solução, como parceiros dos órgãos de segurança pública”, comenta André Fraga que tem a defesa pela ciclomobilidade como bandeira do mandato. Participaram da reunião representantes dos grupos Ciclismo com Segurança, Corda do Caranguejo, Pedal das Meninas, Amigos do Mestre, Beep Beep Pedal e os donos da Turisbike, Escola Edy Bike Salvador e Container Bike & Running. (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #andréfraga #ciclista #partidoverde #ciclomobilidade #meioambiente #assaltos #salvador

  • Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Câmara discute os impactos ambientais da ponte Sa

    Membro titular da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, o Vereador André Fraga (PV) participou nesta quarta-feira(10/02), da reunião que discutiu os impactos ambientais da construção da ponte Salvador-Itaparica. Entre os principais assuntos do encontro com o vice-governador do Estado, João Leão (PP), está a preservação da Baía de Todos-os-Santos. “A conversa foi extremamente importante para que a comissão tirasse algumas dúvidas e buscasse mais informações sobre a viabilidade da obra e os efeitos sociais, econômicos e ambientais para a cidade”, comentou André Fraga ao final do encontro. (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #vereador #andréfraga #partidoverde #comissãodeplanejamento #câmaradevereadores #dudasanches #mandato #salvador

  • Vereador André Fraga (PV) suspende atendimentos presenciais no gabinete

    Equipe segue com trabalho remoto até o dia 05/03 O Vereador André Fraga (PV) divulgou, nesta segunda(22/02), um esquema de trabalho remoto da equipe do gabinete por causa das últimas notícias sobre a situação da pandemia em Salvador. “Com o aumento de casos de COVID-19 na cidade, o nosso gabinete estará com as atividades presenciais suspensas reforçando a portaria do presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior, que incentiva o trabalho remoto”, comentou André Fraga. Para realizar agendamentos e encontros virtuais a população pode usar os canais de comunicação do Vereador, como as redes sociais e o Whatsapp no número de telefone (71)  99318-4941. (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #andréfraga #coronavirus #câmaradevereadores #pandemia #covid19 #salvador

  • Vereador André Fraga (PV) participa de reunião para criar Associação de Ciclistas de Salvador

    Ciclistas, simpatizantes e líderes de grupos de bikes se reuniram, nesta terça-feira(03/03), para discutir a criação da primeira Associação de Ciclistas de Salvador. Convidado para participar do encontro, o Vereador André Fraga (PV) apoia o movimento que, segundo ele, pode ajudar a categoria na busca por direitos que envolvem a agenda da ciclomobilidade em Salvador. “Percebemos um aumento considerável de pessoas usando a bicicleta na cidade, seja para meio de transporte ou lazer, então, será de extrema importância uma entidade em que os ciclistas se sintam representados e o nosso mandato está à disposição para ajudar na criação desta associação”, comentou André Fraga durante o encontro que reuniu quase 60 pessoas, entre empresários do segmento e integrantes de diversos grupos de bike da cidade. Durante os próximos 20 dias, um estatuto estará disponível na internet para consulta e contribuições no endereço: https://bit.ly/consultaestatuto (Ascom/Vereador André Fraga – PV) #andréfraga #ciclomobilidade #ciclistas #bicicletas #mandato #salvador #mobilidadeativa

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